segunda-feira, 10 de junho de 2013

O Poema - O Último Adeus de um Combatente


O Último Adeus de um Combatente
 
Naquela tarde em que eu parti e tu ficaste
sentimos, fundo, os dois a mágoa da saudade.
Por ver-te as lágrimas sangrarem de verdade
sofri na alma um amargor quando choraste.

Ao despedir-me eu trouxe a dor que tu levaste!
Nem só o teu amor me traz a felicidade.
Quando parti foi por amar a Humanidade
Sim! foi por isso que eu parti e tu ficaste!

Mas se pensares que eu não parti e a mim te deste
será a dor e a tristeza de perder-me
unicamente um pesadelo que tiveste.
 
Mas se jamais do teu amor posso esquecer-me
e se fui eu aquele a quem tu mais quiseste
que eu conserve em ti a esperança de rever-me!
Vasco Cabral
Guiné Bissau
 
 
 
Análise:
 
O poema fala sobre a dor, o sofrimento, o amor, o carinho e a tristeza de uma relação que tem de acabar pois um deles tem de ir para a guerra "por amar a Humanidade".

As primeiras 2 estrofes são quadras.
A rima é interpolada (ficaste/choraste) e emparelhada (saudade/verdade).
A rima é pobre porque as palavras que rimam são da mesma classe gramatical (levaste/ficaste).
A rima é consoante porque as sibalas que rimam têm consoantes (felicidade/Humanidade).
A rima é grave pois a sílaba tónica nas palavras que rimam é a penúltima sílaba (verdade e choraste).

As segundas 2 estrofes são tercetos.
A rima é cruzada entre as duas estrofes (perder-me/esquecer-me/rever-me).
A rima é pobre (deste/tiveste).
A rima é consoante (deste/tiveste).
A rima é grave (esquecer-me e rever-me).

Nas 4 estrofes podemos notar a repetição da letra "i", esta letra transmite um sentimento de dor e sofrimento como em "parti" e "ficaste" - anáfora.
A repetição da letra "s" como em "saudade", "sangrarem" e "sofri" ou a letra "p" como em "parti" e "pensares" - aliteração - é utilizada para dar uma maior expressividade ao significado do texto.
Existe também a repetição dos sons nasais que transmitem uma imagem de profundidade sentimental como em "Naquela" e "em".
Nos dois tercetos o primeiro verso começa por "Mas se", ou seja, existe paralelismo anafórico.

Na minha opinião o poema é romântico mas ao mesmo tempo triste, ou seja, é muito sentimental e acho que podemos aplica-lo a acontecimentos das nossas vidas, quando vemos alguém partir, pode não ser para a guerra mas para outros lugares.
 
 
Poema analisado por:
Beatriz Gouveia Arzeni

sexta-feira, 7 de junho de 2013

Livro - O Rapaz que Ouvia as Estrelas

O Rapaz que Ouvia as Estrelas

Bibliografia:

Bowler, Tim, o Rapaz que ouvia as Estrelas, Editorial Presença, Estrela do Mar, 2ª edição, Lisboa, Setembro, 2008

Biografia do autor:

Tim Bowler (nascido a 14 de novembro de 1953 em Inglaterra) é autor de 20 livros para crianças, adolescentes e jovens adultos. Em 1997 Ganhou a Medalha Carnegie em Literatura da Associação Biblioteca (um prémio para livros feitos para crianças e jovens) devido ao romance Menino do Rio. A escrita de Tim é lírica, exaltando os sentimentos mas também é capaz de criar tensão, suspence e ação. Ambos estes estilos são combinados no seu sexto romance, Starseeker (O Rapaz que ouvia as Estrelas).

Apresentação do livro:
Luke, um rapaz de 14 anos era como um génio da música na sua aldeia, tal como o seu falecido pai. Ambos conseguiam ouvir coisas que mais ninguém conseguia ouvir e acreditavam que tudo tinha a sua própria música e que cada som tinha a sua forma e cor. Devido à morte do pai, Luke começou a conviver com um grupo de rapazes da aldeia com má fama. Para ele se integrar no grupo obrigavam-no a assaltar a casa de uma senhora. Num desses assaltos Luke ouviu o choro de uma criança e de seguida foi descoberto pela senhora Little. Esta optou por não contar nada à polícia desde que ele tocasse piano para ela, como o seu falecido marido fazia quando ela precisava de se acalmar. Foi assim que Luke conheceu a menina que tinha ouvido a chorar. Com a magia da música e a entrega de Luke a tocar piano a menina acalmava-se e ficava feliz ficando assim também a senhora Little. Um dia Luke encontrou uma caixa na casa da senhora Little que continha uma pulseira e reconheceu-a como de uma menina desaparecida há 2 anos então decidiu devolver a pequena Rose aos pais. A senhora Little sentiu-se triste ao ficar novamente sozinha mas feliz por Luke a ter ajudado ao ultrapassar aquele erro. O grupo, ao saber que Luke não queria mais assaltar a casa começou a tratá-lo mal, levando-o praticamente à morte. Depois de ter conseguido escapar à tentativa de o matarem, Luke “acordou para a vida”. Com a ajuda da sua amiga Miranda, da sua mãe e do namorado da mãe, Luke consegui dar um novo rumo à sua vida e ser finalmente feliz.

Crítica do livro:
O livro mostra como um adolescente consegue ultrapassar pelas dificuldades da vida com a ajuda dos seus amigos e familiares. É um livro que inicialmente demora a desenvolver, mas no decorrer da ação a história vai ficando cade vez mais emocionante, captando assim a atenção dos leitores e fazendo-os viver a própria história.
Na minha opinião: Gostei muito de ler o livro porque me identifiquei com a personagem principal. É um livro fácil de ler e recomendo a rapazes e raparigas.

Escrito por:
Beatriz Gouveia Arzeni

O Conto - O Macaco de Rabo Cortado

O Macaco de Rabo Cortado

Era uma vez um macaco que, devido à sua cauda comprida, era sempre gozado pelos meninos e por isso não podia concretizar o seu sonho: ir à escola.
Um dia, pediu ao barbeiro para lhe cortar o rabo com uma navalha.
Quando voltou à escola, os meninos continuaram a gozar com o macaco, chamando-lhe "o macaco de rabo cortado".
Zangado, o macaco voltou à barbearia para ter o seu rabo de volta mas, infelizmente o rabo já estava no lixo. Então, o macaco roubou a navalha e fugiu.
Na rua, passou por uma varina. Esta, ao vê-lo com uma navalha na mão, pediu-a. O macaco, achando que a navalha não lhe servia para nada, entregou-a.
Mais tarde, com a fome a apertar, precisou da navalha para a poder descascar. Foi ter novamente com a varina para lhe pedir a navalha de volta. Ao ver a navalha partida, roubou numa canastra das sardinhas e fugiu.
Na rua, passou por um padeiro. Este, ao vê-lo com uma canastra de sardinhas na mão, pediu-as. O macaco, como não queria andar com as sardinhas, entregou-as.
Mais tarde, com a fome a apertar, pensou nas sardinhas. Foi ter novamente com padeiro para lhe pedir as sardinhas. Ao ver as sardinhas comidas pelo padeiro e a sua família, roubou um saco de farinha e fugiu.
Na rua, passou por uma professora. Esta, ao vê-lo com um saco de farinha na mão, pediu-o. O macaco, como não sabia o que fazer com a farinha, entregou-a.
Mais tarde, com a fome a apertar, pensou nos bolinhos que a professora ia fazer. Foi ter novamente com a professora para lhe pedir bolinhos. Ao ver que todos os bolinhos comidos, roubou uma aluna e fugiu.
Na rua, a menina começou a chorar. Com pena, o macaco, entregou-a á mãe.
Mais tarde, ao ver a casa toda desarrumada, pensou na menina. Foi ter novamente com a mãe da menina para a levar. Como a mãe o renegou, o macaco roubou uma camisa do marido e fugiu.
Na rua, passou por um músico com uma viola. Este, ao vê-lo com uma camisa na mão, pediu-a pois tinha frio. O macaco, pensando no frio que o músico tinha, entregou-a.
Mais tarde, com o frio a apertar, pensou na camisa. Foi ter novamente com o músico para lhe pedir a camisa. Ao ver que a camisa estava rota, roubou a viola e fugiu.

Então , o macaco subiu para cima de uma casa e pôs-se a cantar:
"Do rabo fiz navalha,
da navalha fiz sardinha,
da sardinha fiz farinha,
da farinha fiz menina,
da menina fiz camisa,
da camisa fiz viola,
e agora vou para Angola".

Poema rescrito por:
Beatriz Gouveia Arzeni